Sumi né? Mas voltei pra falar de uma coisa muito séria, que me fez perder o sono, piorou minha enxaqueca e me deixou acordada até agora.
O assunto que me transtornou tanto tem a ver com o livro (não suporto chamar ele assim) Destrua esse Diário.
Pra começar, eu vou contar como foi que eu cheguei até aqui:
Estava eu deitada na minha cama pronta para dar boa noite pra Yoshi, quando eu fui dar um saque no grupo que eu tenho no face e no whats chamado "Sim! Somos Veganas!". A conversa em questão se desenrolou no whats quando uma menina mencionou sobre a belíssima indicação de um livro e o quanto ele estava barato, prontamente eu fui olhar né, não suporto perder uma conversa sobre livros e ainda mais quando estão em promoção. Agora eu me arrependo da minha curiosidade. Elas estavam falando com muito clamor e felicidade sobre o "Destrua esse Diário", tipo, gente, olha que incoerência:
VEGANAS ACLAMANDO UM OBJETO QUE VOCÊ COMPRA PARA DEPREDA-LO DE PROPOSITO.
GENTE
GENTE
GENTE
Não acredito.
Eu não sei realmente descrever o tamanho espanto que passou por mim, quando vi que todas elas estavam super a favor da proposta do livro. Veja bem, a filosofia do veganismo é ser a favor da fauna, da flora e contra o consumismo exacerbado, alem de outras coisas, e ainda assim, essas meninas, que batem em seus peitos se dizendo veganas e ainda por cima lutando pela causa, prontamente se apresentam para ser a favor de um objeto como esse, tipo, na boa, não tem condição! '-'
Deixo aqui um pequeno trecho da conversa sobre o livro, a unica parte da qual eu me predispus a comentar e desisti logo em seguida, ja que as garotas estavam tão convictas sobre a beleza e prestatividade do livro.
Garota 1: Meninas quem publicou a indicação do livro adorei no submarino ta em promoção
Garota 4: Esse livro deve ser legal
Milena: Esse livro não é aquele que se derruba arvores e faz um livro pra gente chutar ele e rasgar paginas? rs
Garota 1: Vou escolher da capa mais barata rs
Milena: Mas não é meio incorreto você pagar por um livro que você vai destruir? rs
Garota 1: Eu não teria coragem de rasgar mas achei legal a liberdade de fazer coisas diferentes
Milena: Huum entendi!
Garota 1: Tipo deixar cait uma gotinha de café, colar coisas, riscar, desabafar...
Garota 2: A ideia e quebrar um pouco da ideia de livro é feito de ouro, não pode ter orelha etc
Garota 3: 1 página de cada vez tbm é mara
Garota 2: Eu gostei bastante das coisas que tem que fazer
Garota 1: Olha nesse caso "leve este libro para o chuveiro" uma frase dele aí algumas pessoas podem sei.lá molhar, deixar uma marquinha de sabonete ou desenhar rs
Milena: Mas eu ainda acho incorreto a ideia do livro. Tipo, derruba árvore, gasta milhões litros de água pra depois chegar na mão de alguém pra riscar uma pag, jogar o livro da escada, passear como se fosse cachorro, etc. Mas é só a minha opinião, não digo que to certa e que é vdd absoluta xD
Garota 2: Mas depois vc guarda ele como um livro qualquer
Garota 2: Igual os milhões de livros que ficam parados em estantes sem nenhum uso
Garota 2: Que pra mim é o mesmo tipo de coisa
Garota 2: Tem um de fazer copo tbm, dai vc toma café no copo, ou água
Garota 2: Esse livro é incrível kkkk
Garota 3: Cada vez quero mais
Garota 3: Não ligo em esperar rs
Então eu faço uma equação mental: Uma arvore demora 15 anos para ficar "apta" para ser cortada e utilizada na industria que produz folhas de oficio. Uma arvore em média da para se fazer 10 mil folhas (o que não são muitas edições de um livro, ainda mais por causa da gramatura do papel). Uma folha de A4 gasta 10 litros para ser feita. É gasto luz. São emitidos poluentes na atmosfera. Nem todas as arvores são de madeiras reflorestadas, muitos são da Amazônia. Então uma pessoa vai, depois disso tudo, paga 20 dilmas (na época do lançamento eram 50 lulas) pra fazer coisas estupendas como levar o livro para o banheiro, passear com ele como se fosse um cachorro, apenas arrancar uma pagina e amassar, rasgar outra pagina e usar como copo, desenhar qualquer besteira com um lápis ou jogar o livro escada a baixo.
Desde que eu ouvir a falar sobre esse livro, nem vegetariana eu sonhava em ser - faz uns 3 anos - e já achava uma estupidez e falta de bom senso alguém querer vender esse livro e alguens querer comprar esse livro.
Diziam eles que era terapêutico, mas oras, é realmente bem relaxante eu ignorar todo o estrago ambiental que aquele livro causou para ser produzido e simplesmente jogar toda a poluição fora, assim, como se fosse brincadeira de criança.
Pior ainda é ler veganas tentando me convencer que a errada sou eu de achar que esse objeto não é uma estupidez e compara-los com livros como os de escritores maravilhosos e leituras transcendentais.
Sai do grupo assim que vi elas marcando uma compra coletiva para a casa da coleguinha que pagava o frete mais barato :D
Coisas como essas, me deixam desestimuladas e completamente tristes. É complicado caminhar lado a lado, lutando por uma causa, com alguém que adora ser vegano/vegetariano quando lhe é conveniente e passar por cima de outras problemáticas e se fechar quando pessoas levantam questões sérias sobre os assuntos. ( E esse ponto não tem só a ver com o assunto desse post, mas sim com variados temas que caem nas discussões veganas e só la você vê quem realmente ta disposto a seguir as regras abdicando dos prazeres em prol de só mais um sofrimento no mundo)
No fim de tudo só me resta o questionamento: Ou sou eu a louca de achar esse objeto um absurdo ou loucas são as pessoas que não percebem a falta de noção que acompanha o Destrua esse Diário.
Eu gosto da proposta do livro.
ResponderExcluirSobre a incompatibilidade com o veganismo, Não acho que seja não.
De maneira um pouquinho diferente do vegetarianismo (que tem argumentos mais difusos) a retórica principal do veganismo são os direitos dos animais. Meio que por osmose acabam entrando argumentos como saúde, religião e ambientalismo. Mas isso não é a retórica base do movimento não.
No caso é incompatível com algumas correntes ambientalistas mas não com o veganismo.
Na real os livros comprados são incompatíveis com os ambientalismos mais bacanas (os que eu gosto). Eles preferem bibliotecas ou livros não impressos para fugir dos impactos da obsolescência (programada ou não). São essas mesmas correntes que também são contra o consumo de carne por razões ambientais, tal como o uso de calça jeans (e outras de alto custo ambiental), também são contra o uso de embalagens descartáveis.
Um livro que se guarda em casa (não em bibliotecas) tem o mesmo efeito (ambiental e social) que um livro resgado (para mim).
Vamos discutindo.